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Definição e comentários históricos-críticos

O termo Art Déco é de origem francesa e trata-se de uma abreviação de da expressão "arts décoratifs", e foi um estilo decorativo que predominou nas artes plásticas, artes aplicadas (design, mobiliário, decoração etc.) e arquitetura no entreguerras europeu. O marco inicial deste estilo é comumente atribuído à Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas, realizada em Paris em 1925.

O art déco tem sua origem no estilo art nouveau, que por sua vez está ligado ao Arts and Crafts Movement, da Inglaterra. Mas enquanto o o art nouveau explora as linhas sinuosas e assimétricas tendo como motivos fundamentais as formas orgânicas, o padrão decorativo art déco segue outra direção: predominam as linhas retas ou circulares estilizadas, as formas geométricas e o design abstrato. Não se trata, contudo, de uma negação de seu antecessor, mas osurgimento e consolidação do Art Déco está muito mais atrelado a um processo histórico de mudança no ambiente econômico, tecnológico e social e consequentemente uma transformação radical na cultura ocidental.

 

Segundo os críticos, o estilo puro e limpo do art déco dirige-se muito mais ao moderno e às vanguardas do começo do século XX, beneficiando-se de suas contribuições. O cubismo, a abstração geométrica, o construtivismo e o futurismo deixam suas marcas na variada produção Art Déco. É importante salientar que todos estes estilos foram contemporâneos, hora influenciados, hora influenciadores uns dos outros. Está errada, portanto, a ideia que reduz o Modernismo como estilo que veio depois do Art déco, ao contrário, ambos estilos caminharam paralelamente na primeira metade do XX, mas o Modernismo teve uma sobrevida de algumas décadas a mais que o Déco.

É notório que a monumentalidade inspirada pelo Art Déco fez despertar o interesse de regimes autoritários e totalitários por este tipo de composição. Não por acaso os regimes fascistas da Itália e Alemanha adotaram amplamente o Art Déco em seus edifícios, enquanto o stalinismo vigente na URSS também utilizou-se do mesmo mecanismo em suas obras públicas. O Brasil de Vargas (Estado Novo) também flertaria com o Art Déco em suas diversas obras públicas. A monumentalidade do Art Déco é facilmente explicável por conta de suas origens, que buscaram fontes históricas e referências nas releituras das mega construções do passado oriental, principalmente a arquitetura faraônica egípcia, mas também do povo babilônico. É comum associarmos o escalonamento de um arranha-céu Art Déco com um zigurate mesopotâmico.

Mas sua vinculação com a era industrial também fez florescer o Art Déco em ambientes democráticos, como no Estados Unidos, negando em partes a tese daqueles que identificam o Art Déco apenas com os autoritarismo do século XX. Os grandes arranha-céus norte americanos são os exemplos mais famosos do emprego do Art Déco na arquitetura.

A linguagem arquitetônica Art Déco

Entre os recursos que integraram o repertório formal do art déco na arquitetura situam-se: marquises; balcões em balanço; colunas, frontões, óculos, capitéis, pilastras, platibandas e volutas de formas simplificadas; gradis e caixilhos de metal, inclusive do tipo basculante; ornatos em alto ou baixo relevo representando formas geométricas, temas florais simplificados ou linhas retas ou em ziguezague; uso cenográfico da luz através do néon ou de vitrais; texturas nas superfícies; padrões esquemáticos de cores; volumes, vãos e superfícies escalonadas. A construção pode estruturar-se através de uma composição volumétrica integrando formas geométricas, como prismas retangulares, elementos cilíndricos, volumes arredondados ou planos verticais ou horizontais.

Em parte das construções, as referências à linguagem déco se restringiam a detalhes ornamentais aplicados em fachadas de construções cujas características – em termos de implantação, tecnologia, volumetria e organização dos espaços – seguiam modelos atrelados ao passado. Em outros casos, entretanto, o repertório formal art déco foi empregado em construções inovadoras em termos de programa e de técnicas construtivas (estruturas de concreto armado, os caixilhos de metal, etc.).

No Brasil...

No Brasil, a linguagem art déco em arquitetura se expressou inicialmente, sobretudo, em projetos que buscavam traduzir uma noção de modernidade vinculada a programas novos.

Este foi o caso dos arranha-céus que testemunharam a passagem de nossas capitais à condição de metrópoles; de edifícios institucionais que abrigavam funções de um Estado que se modernizava e expandia; de lojas de departamento que introduziam um novo conceito de comércio; e de cinemas, clubes e emissoras de rádio que difundiam formas novas de diversão, cultura e lazer. Rapidamente, entretanto, o estilo se difundiu, aplicado em fábricas, igrejas e em lojas e moradias de pequeno porte.

Nos arranha-céus a altura era sublinhada por composições escalonadas e/ou por elementos verticais de coroamento. Em edifícios institucionais, pretensões de monumentalidade eram favorecidas por composições de matriz clássica. Os recursos cenográficos que a linguagem déco oferecia eram solidários com o glamour e magia suscitados pelo cinema. Em fábricas tal vocabulário conciliava uma imagem de modernidade com parcimônia de meios e economia de custos.

Texto original retirado da Enciclopédia Biográfica de Arquitetas e Arquitetos Digital - EBAD

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